Nos meus melhores momentos, acredito que o sentido da vida seja o autoaperfeiçoamento. Mas… se há um caminho evolutivo, qual é o fim? Ou, ao menos, qual a direção?
Talvez a boa pessoa seja aquela que não agrida. Que não agrida a si, não agrida ao outro, não agrida à geografia em que habita. Aquela que não interrompa os fluxos com os quais esbarra, nos quais encosta, naqueles em que deságua.
E agressão não tem nada a ver com força física, com explosões, com excessos. Não necessariamente. Eu, uma condescendente convicta, posso garantir que o silêncio e o apaziguamento são mais violentos e corrosivos do que se pode imaginar. São interruptivos. Barragens abstratas que impedem os movimentos do que há de mais físico, prático, real. Tipo entulho. Bueiro entupido. Lixo nos canos.
Nos meus melhores momentos, naqueles que por descuido da consciência as coisas parecem ter algum sentido, acredito que o objetivo da vida seja o autoaprimoramento. Seja encontrar um jeito de viver que não agrida nem interrompa.
Mas mesmo nesses melhores momentos persiste minha paralisia irrefreável, violenta insegurança que pesa, morta, sobre os caminhos que me cruzam. Ou tentam. Ou tentaram, até passarem a desviar. E porque seria diferente? Fiz de mim ilha cercada por rochas. Inacessível mas, mais do isso, indesejável. Até nos meus melhores momentos, eu faço tudo errado. Me evitaria, se fosse você.