“Inocente — Uma História Real de Crime e Injustiça” lida de maneira sóbria com questões que têm, por si só, forte apelo emocional. A apresentação de crimes brutais é feita por meio de relatos que se focam em questões legais, em análise de documentos e de provas.
A série documental trata de dois assassinatos que marcaram a cidade de Ada, Oklahoma, na década de 1980. No entanto, em “Inocente”, o inimigo em comum não é uma pessoa, mas uma instituição — o sistema judiciário dos Estados Unidos.
Quando se deparou com a história de Ron Willamson entre os obituários do New York Times, o escritor de best-sellers John Grisham soube ter encontrado o tema de seu próximo livro. Willamson foi preso pelo estupro e assassinato de uma jovem garçonete, crime que alegava não ter cometido. Ficou dez anos na cadeia, até que um novo teste de DNA provou sua inocência.
O segundo caso ocorreu pouco tempo depois e teve conclusão parecida: dois jovens foram condenados à prisão perpétua após terem confessado, num interrogatório de oito horas, que mataram uma garota a facadas. O depoimento se provou falso quando o corpo da vítima foi encontrado, revelando que a causa da morte fora, na verdade, um tiro na cabeça.
Apesar disso, os jovens foram considerados culpados e, mais de 30 anos depois, continuam presos. A série, baseada no livro de Grisham, exibe essa e outras inconsistências dos casos e questiona, a partir delas, como pôde a ação de policiais, detetives e juízes ter servido apenas para causar mais vítimas.
Acontece que em “Inocente” essa história nos é contada de maneira cansativa. Imagens de arquivo mostrando trechos de depoimentos se repetem na tela, acompanhadas de relatos de jornalistas, advogados e familiares dos envolvidos, e também de cenas em que atores reconstituem os fatos narrados.
E como há mais a ser dito do que a ser mostrado, as mesmas imagens de reconstituição persistem no decorrer dos episódios. Eventuais cenas aéreas que exibem ora os contornos de Ada, ora a bandeira americana tremulando diante do céu estrelado, servem para preencher o restante das lacunas visuais.
